sábado, 22 de dezembro de 2012

Conto de não fadas

Era uma vez uma menina loira e de olhos claros cor de mel. Ela mesma se achava linda e sempre que podia tirava fotos com o seu celular e postava em várias redes sociais. Queria ser vista pelos outros. Tanta beleza não podia estar só entre os familiares e os amigos da escola e do trabalho. Era preciso que o mundo a notasse.
Pobre garota loira. Todos sempre se chegavam a ela por sua beleza. Queriam estar próximos dela porque ela era bela. Mas ninguém suportava sua imensa mania de grandeza. A loira era como tudo mundo, contudo se achava uma princesa. Ninguém estava a sua altura. Eram todos inferiores.
Então, as garotas mais feias, de cabelos escuros e olhos comuns e castanhos começaram a se casar e ter filhos. E ter os problemas normais da vida e ser ora felizes ora tristes. As garotas mais feias estavam vivendo.
A loira linda estava apenas observando a vida passar... E se sentia ainda mais feliz porque não tinha varizes, nem celulites e nem estrias. Pois afinal não tinha se casado, nem engordado e nem tido filhos.
A moça loira começou a se sentir excluída das conversas das outras moças, afinal não sabia do que estavam falando as mães, as esposas, as trabalhadoras desse mundo. A lindíssima flutuava sobre o mundo porque não queria se poluir com o que era normal.
Uma vez que essa loira magnífica não pertencia ao mundo, ela não se contentava com ele e nem ele se contentava com ela. Por isso eles se evitavam e ela preferia a solidão de seu quarto.
Um dia por acaso ao se olhar no espelho para mais uma vez escovar sua maravilhosa cabeleira, a moça se achou velha. As rugas haviam invadido a face perfeita e a transformado numa senhora.
Uma senhora que passou pela vida sem nunca tocar no solo ou no coração de outra pessoa.
A loira não suportou tanta vida que não viveu antes de ficar velha.
Ela quebrou o espelho. E com os cacos cortou a bela cabeleira.
E saiu de sua bolha e foi pela primeira vez tomar um sol na praça e gargalhar com os homens que há muito esperavam do lado de fora por ela.

domingo, 9 de dezembro de 2012

poesia do sem fim
sem fim em mim
"sou do poeta a voz" - ela grita
"som do silêncio que em ti habita"