sábado, 22 de dezembro de 2018

Carta de Natal


Querid@s,

Está chegando a véspera de natal e eu juro que gostaria de estar escrevendo uma mensagem otimista de votos de boas festas, paz e amor... Mas não é o caso.
Estamos vindo de anos ruins desde 2014, é verdade. Entretanto, não consigo prever os problemas que enfrentaremos nos anos que virão.  2019 é um ano que ainda não consegui imaginar, porque: como podem ocorrer coisas piores que as já acontecidas?
A eleição turbulenta da presidenta Dilma, seguida de um impedimento de seu governo em 2016, por motivos ridículos, que todos sabemos que foi um tremendo golpe da direita com a intenção de retomar o poder. Mesmo reconhecendo todos os erros cometidos pelo seu governo, a injustiça deste ato foi tremenda com ela. Foi horrível! Uma coisa que não podíamos ter admitido...
Estes anos de governo Temer com seus inúmeros ataques aos direitos dos trabalhadores... que anos infelizes! Anos em que a educação e a saúde estão começando, só começando, a sofrer com a falta de investimento. Tudo impossível de engolir! Cortar gastos na pele do povo e defender os ricos empresários e latifundiários deste país, é modo de governo que foi acionado em 2016... É o que queremos mesmo?
A prisão de Lula este ano... Não sejamos ingênuas pessoas que acreditam na mídia piamente, que acreditam em juizinhos ridículos cheios de interesses escusos, líderes de lavajatos que limpam só um lado do carro. Lula foi preso para não se eleger presidente novamente. É outro caso de injustiça, ou de justiça interessada, se podemos usar assim as palavras.
Acabaram com o PT, fato. Mas, por qual motivo? Se o objetivo era acabar com a corrupção, não funcionou. A corrupção continua na ativa firme e forte e intrínseca nas nossas instituições públicas e privadas. O que fazer? Não sei. Mas demonizar e perseguir um único partido político foi só uma falácia criada para nos enganar. Aliás, funcionou bem essa falácia. Tanto que os pobres que alçaram seus primeiros vôos consumidores nos governos petistas esqueceram tudo e começaram a repetir sem parar “tudo culpa do PT”... Loucos. Tolos. Bobos. Papagaios propagadores de fake news.
Agora chego no pior de tudo: esse fenômeno chamado Bolsonaro. Nosso presidente eleito, prestes a assumir o poder... Gente, que medo! No dia do segundo turno tive dor de barriga, ansiedade e etc. Sabia que isso ia acontecer, mas estava tentando me enganar. Nosso futuro presidente da república é simplesmente a coisa mais horrível que poderia ter acontecido ao Brasil: não é só a ultradireita no poder, é a ignorância, a violência, o racismo, o machismo, a homofobia firmes e fortes e altamente legitimados. Todas essas coisas horrendas ganharam uma eleição presidencial!!!
A cara do Brasil nunca poderia ter sido mais feia.
Voltando então a minha mensagem de natal e ano novo: impossível desejar paz e amor, amig@s!
O que eu desejo de fato para tod@s nós é força: precisamos disso para as batalhas que virão! Vamos nos defender dos ataques aos nossos direitos! Eu nos conclamo à luta por nós trabalhador@s da cidade e do campo, pelas nossas escolas e universidades, pela saúde pública, pelos direitos humanos, pelos índios, pelos quilombolas, pelos lgbtts,  pelo meio ambiente e por cada um de nós! Por cada uma de nós!
Nós de fato precisamos umas das outras, uns dos outros. O que enfrentaremos é assustador... mas ainda existe em algum lugar a esperança de dias melhores. E quem fará os dias melhores somos nós, na nossa luta diária de cada dia, e na força que encontraremos de mãos dadas. O bordãozinho clichê que surgiu no fim do período eleitoral, sim: ninguém solta a mão de ninguém.
Só isso.
Festejem, mas não esqueçam: a luta continua, companheir@s!

Fabiana Lula

domingo, 14 de outubro de 2018

Adeus para nunca mais

"É preciso aprender a dizer
em silêncio
Adeus...
Até nunca mais"

Por favor,
me diga: "quando é nunca mais?"

Te espero na terra do nunca mais
Onde todos somos como crianças
mortalmente
feridas

Adeus
Nunca
Mais

(cada dia passado      como gado    ruminando sonhos)

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Poesia solar


O sol

Tão quente

Tão tarde quente

Tão cheia de poesia             quente

Que sobe no ar

Feito nuvem

De fumaça de fogo

Entorpecente

Tão sol quente

Sonho

Era num barco assim que estávamos... eu, os gêmeos, a mãe deles. Era um índia, eu sabia. Muito pequena e mirrada, mãe de duas crianças. O barco era branco com azul. Tudo era muito claro. O clarão de repente tomou conta de tudo. Consumiu as crianças, a mãe e o barco.
Aos poucos o clarão diminuiu e o mundo tomou outra forma... escureceu... ficou meio marrom. Ele veio até mim, meio nebuloso, uma penumbra envolvia tudo, e me entregou um coelho pequeno e marrom.
E eu soube que era dia de esperar, de esperança, dias de vir criança ao mundo. Ela está vindo. E é um menino.

Não

Era uma noite escura
O movimento dos olhos
Ondeando
Nuvens

Ao meu lado
Ao alcance de um leve toque
Um suspiro
de não poder

Por que não eu?
Porque não...
Porque não.
Um NÃO se expande pelo universo

Uma noite escura sem estrelas
A desesperança
Assume seu posto
E diz não

                    Não
             Não
      Não

Sempre saudade

Essa saudade é faca
Que anda por dentro
Escavando buracos
Nas minhas entranhas

Essa saudade é gelo
Que fere e queima
Um coração que para
De frio

Essa saudade
Da vida
Não vivida
Do beijo
Nunca dado
Do amor
Nunca entregue

saudade aço pontudo
saudade pedra de iceberg
pesa e dói
e doerá pra sempre?

sempre saudade
do que não há?

Sempre?