Uma experiência interessante é tentar analisar as mulheres nos dias de hoje. Ser mulher atualmente é bem diferente de como era na primeira metadade do século XX. Se antes parecia destino certo para todas o casamento e a maternidade, e quem fugia disto era considerada uma verdadeira pária, um ser basicamente marginal, visto ora com receio ora com desprezo, agora já não é mais assim.
As mulheres podem escolher mais os seus próprios caminhos. Podem estudar e seguir uma carreira profissional, e decidir se querem casar ou não, ter filhos ou não, morar sozinhas ou acompanhadas, ter um companheiro fixo ou ter vários, etc. Já não é tão rígido o olhar sobre a mulher sozinha e nem a mulher casada goza de uma posição privilegiada como antes. A maternidade, apesar de continuar sendo cobrada, afinal "uma mulher só sente realizada quando é mãe" (segundo alguns), não é impossível que uma profissional de sucesso abdique de ser mãe em prol da carreira. Isso já não é consideradao como um pecado mortal.
Parece que, enfim, as feministas venceram. Nós estamos num momento em que somos de fato consideradas com um valor semelhante ao valor do homem dentro da sociedade. Todavia, parecer não é ser realmente. Podemos começar a duvidar desses ganhos femininos a partir do momento que observamos a relação das mulheres com o próprio corpo. Muitas mulheres têm se mutilado periodicamente em cirurgias plásticas, têm se privado de alimento e morrido de inanição pelo fato de precisar apresentar uma magreza exagerada para ser considerada bonita, têm experimentado a maravilhosa sensação de colocar formol nos cabelos para fazê-los lisos... e isso são só alguns exemplos.
Essa maneira de encarar o corpo como um inimigo a ser dominado, domado e modificado, tem como objetivo torná-lo cada vez mais perfeito. E isto tanto pode ser para atrair o sexo oposto, ou seja, transformar o corpo num objeto sexual, como também pode ser para demonstrar poder. As mulheres realmente poderosas conseguem até mesmo dominar a natureza e impedir seus frágeis corpos de envelhecer. É um mundo de aberração este nosso. Mulheres agora são de plástico, todas nós bonecas de plástico, Barbies gigantes... Se por um lado alcançamos uma liberdade nunca antes experimentada, por outro estamos cada vez mais presas. As mulheres por enquanto continuam vítimas de uma perversão: o olhar do outro machuca mais a elas que aos homens. Sempre.
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