Um vazio profundo, portanto, se estiver procurando algo, pule para o próximo blog.
domingo, 26 de setembro de 2010
ainda sobre os motivos de ler
ah, e tem o quê de perfume nesta leitura onde minha língua se esfrega! um cheiro, um perfume de livro que não sai das mãos mesmo depois de horas de banhos em cascatas de cachos...
sobre os motivos de ler
...ler é uma das maiores e melhores brincadeiras que inventaram. sem leitura e sem livros a vida seria mais sem graça do que já é. porque ler torna a vida menos desinteressante que até hoje eu ainda suporto essa felicidade toda que me enrola. porque todos dizem da minha tranquilidade é que eu acredito nela. porque todos dizem da minha inteligência é que às vezes eu acredito nela. mas se todos entrassem na minha pele por dois minutos, falariam ainda: como admiro a sua calma? quão canis e quão bestial! vida! sim, j'ai te aime. ma vie est belle. tout le monde parle ça. porque sem zulu e sem bijou não há muito o que dizer. porque sem dinheiro não há muito o que fazer a não ser trabalhar e trabalhar. o trabalho é bom pois ocupa o tempo ocioso e o ócio é pior veneno que inventaram para alma e para o corpo. porque se não fizer ioga tudo entreva e não conseguiremos dobrar a coluna para frente e com as pernas estendidas alcançar o joelho com a testa. tudo isso muito inútil e mesmo assim dá uma estranha sensação de poder mais do que antes. belo belo como é belo. e porque tanta beleza que não é minha e me sorri mesmo assim. esses cachos que me atormentam. anjo gabriel. vamos ler, porque ler preenche esse vazio abaixo do estômago, onde fica o diafragma, que endurece quando os nervos explodem e nos impendem a passagem do ar. eu sou boa pessoa e vou continuar sendo. apesar de ter te assassinado várias vezes. porque invade assim os pensamentos alheios, mereces morrer sempre. e eu leio. vejo os zés debaixo dos castanheiros virando árvores. criem raízes e saiam flores nas pontas desses narizes. eu leio para vê-las a elas; as flores que nos sorriem. gosto dessas leituras intermitentes, por isso leio as cartas. as cartas me contam histórias e estórias tão antigas como o nascer do sol. que se renova diariamente. penso. leio. trabalho. acho que eu sou alguém, enfim, que não irá se matar, mas que matará sempre que for necessário. por que você não morreu ainda se eu já te matei tantas vezes?
sábado, 25 de setembro de 2010
falarei
falarei das nuvens
porque meus lábios secos
te pedem chuva
falarei dos sons
que se movem no silêncio
que se desfaz em nós
falarei de corpos
porque se contorcem
em ondas e chamas
falarei de mim
enredada em meus contornos
direi apenas o que sou
sol
só
porque meus lábios secos
te pedem chuva
falarei dos sons
que se movem no silêncio
que se desfaz em nós
falarei de corpos
porque se contorcem
em ondas e chamas
falarei de mim
enredada em meus contornos
direi apenas o que sou
sol
só
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
A cura
Quando o amor ainda era uma flor no peito dela,
ele sorriu.
O sorriso dele tinha o dom de emudecer sangrias,
mas ela não sabia.
A lua rola no céu como uma lembrança quente,
mas o sol já vem.
Ela espera o sol nascer por detrás daquele.
São cílios que escondem os olhos do sol?
Os cabelos cascateiam quando ele sorri em cachos?
Um anjo que traz nas mãos a cura
as feridas esperam
abertas.
ele sorriu.
O sorriso dele tinha o dom de emudecer sangrias,
mas ela não sabia.
A lua rola no céu como uma lembrança quente,
mas o sol já vem.
Ela espera o sol nascer por detrás daquele.
São cílios que escondem os olhos do sol?
Os cabelos cascateiam quando ele sorri em cachos?
Um anjo que traz nas mãos a cura
as feridas esperam
abertas.
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Sobre os vazios
o ar
que me ultrapassa
e me preenche
o nada
suspiro entre elas
(as lágrimas)
lido com
serenar
o que não há
que me ultrapassa
e me preenche
o nada
suspiro entre elas
(as lágrimas)
lido com
serenar
o que não há
domingo, 19 de setembro de 2010
tempo seco
tempo seco
chuva na memória
(memória na chuva)
minhas mãos se estendem
para aparar as gotas
de um amor
que não existe
tempo seco
chuva na memória
(memória na chuva)
minhas mãos se estendem
para aparar as gotas
de um amor
que não existe
tempo seco
sábado, 18 de setembro de 2010
domingo, 12 de setembro de 2010
terça-feira, 7 de setembro de 2010
A casa
Às vezes minha alma duvida:
sou eu que moro na casa
ou é a casa que me mora?
Às vezes eu sonho acordada
e no sonho imagino minha casa
futura, que só existe no sonho
daí é a casa que não me tem
ou eu que não tenho a casa ainda?
Às vezes eu sonho dormindo
e no sonho imagino minha casa
passada, que só existe no sonho
daí é a casa que me mora
a casa que já foi destruída?
Às vezes é a casa a minha morada
mas, se a casa me duvida como eu duvido dela,
são essas paredes que me encerram
ou eu que me encerro nessas paredes?
sou eu que moro na casa
ou é a casa que me mora?
Às vezes eu sonho acordada
e no sonho imagino minha casa
futura, que só existe no sonho
daí é a casa que não me tem
ou eu que não tenho a casa ainda?
Às vezes eu sonho dormindo
e no sonho imagino minha casa
passada, que só existe no sonho
daí é a casa que me mora
a casa que já foi destruída?
Às vezes é a casa a minha morada
mas, se a casa me duvida como eu duvido dela,
são essas paredes que me encerram
ou eu que me encerro nessas paredes?
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
sábado, 4 de setembro de 2010
As coisas mais simples
"Poesia é voar fora da asa"
Manoel de Barros
Manoel de Barros
De ter nas mãos um pouco da água que cai com a chuva.
A cor do som toda vez que os meninos passam voando sobre a minha casa nos ventos do mês de aposto.
As folhas que caem no solo derrubam o meu olho no chão.
As sombras das árvores que correm ao meu lado na rua serenam meus pés.
E há o sol. O sol que brilha e põe fogo no mundo. Minha pele esturricada de tanto sol inclemente sorri de agonia. Amo aquilo que dói.
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