quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Poesia solar


O sol

Tão quente

Tão tarde quente

Tão cheia de poesia             quente

Que sobe no ar

Feito nuvem

De fumaça de fogo

Entorpecente

Tão sol quente

Sonho

Era num barco assim que estávamos... eu, os gêmeos, a mãe deles. Era um índia, eu sabia. Muito pequena e mirrada, mãe de duas crianças. O barco era branco com azul. Tudo era muito claro. O clarão de repente tomou conta de tudo. Consumiu as crianças, a mãe e o barco.
Aos poucos o clarão diminuiu e o mundo tomou outra forma... escureceu... ficou meio marrom. Ele veio até mim, meio nebuloso, uma penumbra envolvia tudo, e me entregou um coelho pequeno e marrom.
E eu soube que era dia de esperar, de esperança, dias de vir criança ao mundo. Ela está vindo. E é um menino.

Não

Era uma noite escura
O movimento dos olhos
Ondeando
Nuvens

Ao meu lado
Ao alcance de um leve toque
Um suspiro
de não poder

Por que não eu?
Porque não...
Porque não.
Um NÃO se expande pelo universo

Uma noite escura sem estrelas
A desesperança
Assume seu posto
E diz não

                    Não
             Não
      Não

Sempre saudade

Essa saudade é faca
Que anda por dentro
Escavando buracos
Nas minhas entranhas

Essa saudade é gelo
Que fere e queima
Um coração que para
De frio

Essa saudade
Da vida
Não vivida
Do beijo
Nunca dado
Do amor
Nunca entregue

saudade aço pontudo
saudade pedra de iceberg
pesa e dói
e doerá pra sempre?

sempre saudade
do que não há?

Sempre?