Vida ingrata.
Dizia o poeta "a vida não vale a pena e a dor de ser vivida",
e tinha razão.
O corpo é um peso.
A cabeça gira.
O oco por dentro aumenta.
Vida ingrata.
Tudo dói, e ainda me dizem que é só imaginação.
"Por que não imaginas coisas boas menina?"
Vida ingrata.
Um vazio profundo, portanto, se estiver procurando algo, pule para o próximo blog.
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
Aprendizagem
cada passo
cada instante
cada história
cada pessoa
um mistério terrível
um segredo de dor
um segredo de amor
um mistério inconfessável
e descubro mais uma vez:
não sei nada...
minha ignorância é surdez
e a vida continua descontinuada
sem proteção
nem lição
cada instante
cada história
cada pessoa
um mistério terrível
um segredo de dor
um segredo de amor
um mistério inconfessável
e descubro mais uma vez:
não sei nada...
minha ignorância é surdez
e a vida continua descontinuada
sem proteção
nem lição
domingo, 27 de setembro de 2009
Invisível
Cada dia menos de mim há no mundo.
Sou como passos sem rastros.
Pele sem cor transparecendo veias,
até os raios de sol me perpassam.
Um dia translúcida sem sombra de dúvida desapareço como brisa antes da chuva.
Sou como passos sem rastros.
Pele sem cor transparecendo veias,
até os raios de sol me perpassam.
Um dia translúcida sem sombra de dúvida desapareço como brisa antes da chuva.
Quantas pessoas?
Quantas pessoas acordaram hoje chorando sem motivo aparente?
Quantas pessoas percebem este buraco negro no peito e morrem de medo de ser consumidas por dentro?
Quantas pessoas se envergonham da própria tristeza e escondem as mágoas pelos cantos da casa?
Quantas pessoas não sabem o que fazer com o desespero, puro e límpido, que escorre pela face?
Quantas pessoas são cheias de nada e um dia o nada transborda em lágrimas?
Quantas pessoas querem morrer e todos os dias não se matam?
Quantas pessoas percebem este buraco negro no peito e morrem de medo de ser consumidas por dentro?
Quantas pessoas se envergonham da própria tristeza e escondem as mágoas pelos cantos da casa?
Quantas pessoas não sabem o que fazer com o desespero, puro e límpido, que escorre pela face?
Quantas pessoas são cheias de nada e um dia o nada transborda em lágrimas?
Quantas pessoas querem morrer e todos os dias não se matam?
sábado, 26 de setembro de 2009
Decadência
- A ponte caiu.
- Mas como caiu, se nem ponte havia?
- Caiu a ideia de ponte, porque ponte é aquilo que nos liga.
- Eu e você construímos a ponte todos os dias.
- E quase todos os dias a ponte cai.
- Por que?
- Porque somos péssimos engenheiros.
- Somos engenheiros de sonhos...
- E as pontes dos engenheiros de sonhos são erguidas no ar.
- Mas como caiu, se nem ponte havia?
- Caiu a ideia de ponte, porque ponte é aquilo que nos liga.
- Eu e você construímos a ponte todos os dias.
- E quase todos os dias a ponte cai.
- Por que?
- Porque somos péssimos engenheiros.
- Somos engenheiros de sonhos...
- E as pontes dos engenheiros de sonhos são erguidas no ar.
sexta-feira, 25 de setembro de 2009
A dama branca
Mais uma vez a dama branca aponta no horizonte.
Está acenando pra mim, eu sei que ela me ama...
Mas não é minha vez de ganhar seu abraço,
abrasante abraço, eterno abraço, desejado abraço...
Por que, quanto mais eu corro naquela direção, mais distante ela se coloca de mim?
É como correr atrás da própria sombra, está ali mas você não consegue tocá-la...
A gente toca a parede ou o chão, nunca a sombra.
Minha dama branca, tão querida, tão íntima, e tão distantemente intocável,
por que vens sempre atrás de quem não te quer?
Eu que te quero tanto, não te mereço...
Está acenando pra mim, eu sei que ela me ama...
Mas não é minha vez de ganhar seu abraço,
abrasante abraço, eterno abraço, desejado abraço...
Por que, quanto mais eu corro naquela direção, mais distante ela se coloca de mim?
É como correr atrás da própria sombra, está ali mas você não consegue tocá-la...
A gente toca a parede ou o chão, nunca a sombra.
Minha dama branca, tão querida, tão íntima, e tão distantemente intocável,
por que vens sempre atrás de quem não te quer?
Eu que te quero tanto, não te mereço...
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
Pluie*
Je voudrais être comme la pluie.
Venir doucement pendant la nuit.
Et me rapprocher de toi.
Et goutter dans tons rêves de poète.
Je voudrais être comme la pluie.
La pluie qui lave l'âme.
La pluie qui nourrit les plantes.
Et je voudrais t'englober avec mon humidité.
Je voudrais te renouveler.
Je voudrais t'aider à t'épanouir et tu serais ma fleur préférée...
*"A chuva" em versão para o francês (exercitar para aprender).
Venir doucement pendant la nuit.
Et me rapprocher de toi.
Et goutter dans tons rêves de poète.
Je voudrais être comme la pluie.
La pluie qui lave l'âme.
La pluie qui nourrit les plantes.
Et je voudrais t'englober avec mon humidité.
Je voudrais te renouveler.
Je voudrais t'aider à t'épanouir et tu serais ma fleur préférée...
*"A chuva" em versão para o francês (exercitar para aprender).
terça-feira, 22 de setembro de 2009
A chuva
Ser como a chuva mansa
E silenciosa noite a dentro
Gotejar no teu sonho de poeta
E não temer a escuridão
E desfazer as nuvens
Escorrendo-as rio afora
Ser como a chuva forte
E te surpreender dia alto
Sem nenhuma proteção
E te molhar inteiramente
E envolver com minha umidade
Teu corpo e teu pensamento
Ser como a chuva miúda
Não temer o sol que brilha
E te revela e me revela
E te criar em cores meu arco
E me desmanchar em ti
Sem sombra de pejo ou medo
E silenciosa noite a dentro
Gotejar no teu sonho de poeta
E não temer a escuridão
E desfazer as nuvens
Escorrendo-as rio afora
Ser como a chuva forte
E te surpreender dia alto
Sem nenhuma proteção
E te molhar inteiramente
E envolver com minha umidade
Teu corpo e teu pensamento
Ser como a chuva miúda
Não temer o sol que brilha
E te revela e me revela
E te criar em cores meu arco
E me desmanchar em ti
Sem sombra de pejo ou medo
domingo, 20 de setembro de 2009
Adaga
Uma adaga prateada
trespassou-me a carne
que agora sangra
Não sei se morro...
(Quem me pôs esse luar nos olhos?)
De minha carne sangrenta
trespassada de adaga
escorre (gozo alheio)
uma vida que podia ser e não foi
Chegou a hora de amar os coelhos mortos...
sábado, 19 de setembro de 2009
Cansei
Cansei de comer cadáver, como agora só coisas vivas. Dilacero a carne verde dos vegetais, e me contento em dar essa prova de amor ao universo: sim, eu amo a vida e detesto a morte com todas as minhas forças.
Cansei de administrar essa tristeza horrenda que me persegue a vida inteira. Darei um fim a esta choradeira que me acomete dia sim e dia não. Tristeza nenhuma vai me deixar de cama de novo, nem vão brotar mais estas flores negras que eu arranco neste momento do meu rosto cansado.
Cansei dessa miséria clássica de sentimentos, não vou mais represar esse rio que escorre da ferida aberta no meu peito. Que jorrem essas águas imundas do meu coração que devia ser puro! Jorrem águas fétidas do meu centro e poluam o mundo com tudo o que não devia ser e é.
Cansei de ser colocada de lado sempre que desnecessária. Pois se lembram de mim só em caso de precisão? Certitude que não me terão mais a mão. Estarei sendo desnecessária em outra região.
Cansei de ser: meu lema a partir de hoje é ter. E terei que não ser tão medíocre nas minhas ideias, e inventar novos caminhos para seguir tendo e não sendo. Terei de ter o que não preciso e serei de fato o que necessito.
Cansei de tudo, quero o nada para sempre inútil e imutável.
Cansei de tanto desejar bonança. Quero só a merda, para sempre a merda desejar e, por isso, toda a merda que obtiver será minha gloriosa e inexorável merda existencial.
Cansei de administrar essa tristeza horrenda que me persegue a vida inteira. Darei um fim a esta choradeira que me acomete dia sim e dia não. Tristeza nenhuma vai me deixar de cama de novo, nem vão brotar mais estas flores negras que eu arranco neste momento do meu rosto cansado.
Cansei dessa miséria clássica de sentimentos, não vou mais represar esse rio que escorre da ferida aberta no meu peito. Que jorrem essas águas imundas do meu coração que devia ser puro! Jorrem águas fétidas do meu centro e poluam o mundo com tudo o que não devia ser e é.
Cansei de ser colocada de lado sempre que desnecessária. Pois se lembram de mim só em caso de precisão? Certitude que não me terão mais a mão. Estarei sendo desnecessária em outra região.
Cansei de ser: meu lema a partir de hoje é ter. E terei que não ser tão medíocre nas minhas ideias, e inventar novos caminhos para seguir tendo e não sendo. Terei de ter o que não preciso e serei de fato o que necessito.
Cansei de tudo, quero o nada para sempre inútil e imutável.
Cansei de tanto desejar bonança. Quero só a merda, para sempre a merda desejar e, por isso, toda a merda que obtiver será minha gloriosa e inexorável merda existencial.
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
Mediocridade
assumo minha mediocridade
todos estes escritos
são de baixa qualidade
nesta obra a excelência
é só do meio elétrico
que permite esta excrescência
mas que pelo menos seja
uma pequena diversão
para aquela que almeja
uma forma de expressão
muito pouco serena
de desesperada solidão
todos estes escritos
são de baixa qualidade
nesta obra a excelência
é só do meio elétrico
que permite esta excrescência
mas que pelo menos seja
uma pequena diversão
para aquela que almeja
uma forma de expressão
muito pouco serena
de desesperada solidão
terça-feira, 15 de setembro de 2009
Poesia
turbulência
ordinária
que escorre
do pensar
percorre
o corpo
incita à
violência
do gozo
desaforado
do perder-se
no desconhecido
imutável
amor
ordinária
que escorre
do pensar
percorre
o corpo
incita à
violência
do gozo
desaforado
do perder-se
no desconhecido
imutável
amor
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
O amor embeleza tudo
para biju
Que me importa o que os outros dizem?
Meu amor é a coisa mais linda que existe.
Todos preferem a beleza padrão da raça?
Eu te prefiro assim: modelo único, exclusivamente meu.
Todos querem amor banhado, perfumado e tosado?
Eu te quero meu animal selvagem.
Que me importa se teus pelos crescem em direções opostas?
Se tu me olhas de teu lugar misto,
Que sejam tuas cores diferentes das minhas!
Só me importa que tu sejas essa luz que brilha nos meus olhos.
Só me importa que tu sejas minha joia preciosa,
meu diamante raro, porque negro,
meu esplendoroso
ardido
amor...
Que me importa o que os outros dizem?
Meu amor é a coisa mais linda que existe.
Todos preferem a beleza padrão da raça?
Eu te prefiro assim: modelo único, exclusivamente meu.
Todos querem amor banhado, perfumado e tosado?
Eu te quero meu animal selvagem.
Que me importa se teus pelos crescem em direções opostas?
Se tu me olhas de teu lugar misto,
Que sejam tuas cores diferentes das minhas!
Só me importa que tu sejas essa luz que brilha nos meus olhos.
Só me importa que tu sejas minha joia preciosa,
meu diamante raro, porque negro,
meu esplendoroso
ardido
amor...
sábado, 12 de setembro de 2009
Pela estrada afora...
... vou me desmanchando
(sei o motivo não)
... vou me derretendo
(sei se é calor não)
... vou me desfazendo
(sei se é amor não)
... vou desaparecendo
(sei se é dor não)
(sei o motivo não)
... vou me derretendo
(sei se é calor não)
... vou me desfazendo
(sei se é amor não)
... vou desaparecendo
(sei se é dor não)
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
Gira-sol
terça-feira, 8 de setembro de 2009
A floração da jabuticabeira
Ninguém o boom escutou
Mas aconteceu a explosão
Branqueou em flor o chão
E o ar em ondas se perfumou
Na casa, a cozinha trabalha
A chaminé cospe fumaça
Do pão que a mão amassa
Tudo recende vida e batalha
Soa e ressoa por todo lado
O calor e o crepitar de madeira
No fogão caipira atarefado
As vozes alegres serpenteiam
No caule florido da jabuticabeira
Onde mistérios seculares passeiam
terça-feira, 1 de setembro de 2009
Retrato
Branca e esquálida sorrio
de dentro de um quadro
pendurada numa parede
de dentro de um quarto
sem janelas
sem luz
sem ar
sem (res)pirar
sorrio de dentro do dentro
de um eu que passou por mim
que passando por dentro de mim
não existe mais
nem branco
nem esquálido
nem eu
nem ninguém
sem luz e sem ar
res-
piro de novo só
rio de novo de dentro
de um retr-
ato de vi-
da que
se
foi
de dentro de um quadro
pendurada numa parede
de dentro de um quarto
sem janelas
sem luz
sem ar
sem (res)pirar
sorrio de dentro do dentro
de um eu que passou por mim
que passando por dentro de mim
não existe mais
nem branco
nem esquálido
nem eu
nem ninguém
sem luz e sem ar
res-
piro de novo só
rio de novo de dentro
de um retr-
ato de vi-
da que
se
foi
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