sexta-feira, 15 de maio de 2020

Sobre a morte

Estou pensando na morte…

As pessoas estão morrendo aos montes de covid-19 aqui no Brasil e estão morrendo também por falta de leitos nos hospitais, por falta de remédios, por falta do profissional de saúde para atendê-lo na hora certa… Coisa mais triste é a morte nesse momento. Nesse momento porque a morte também pode ser bonita quando é natural, quando é acolhida pela família do moribundo como algo esperado e consequência da vida. Aqui você pode estranhar o meu pensamento, mas é verdade. Todo o mundo morre um dia e isso faz parte da vida.

O que é triste é a morte que podia ser evitada e não foi. E não foi porque a gente não se cuidou, não evitou o contágio, não tratou a doença, não se preocupou com o próximo. Não foi, também, porque o governo (que devia cuidar de todos) só se preocupa com a economia.

É isso que me altera o humor e me deixa triste. Pra mim, a vida importa e sei que cada pessoa que existe no mundo é única e fará falta pra alguém. Como posso dizer que não me importa se quem morre não é da minha família ou do meu círculo de amizades? Se a morte é injusta pra essa pessoa que eu não conheço, é injusta pra mim também. Como posso me achar no direito de ser mais importante que o vendedor de laranjas no sinaleiro? Eu não sou. Mas me parece que tem um tanto de gente que não se importa com os outros. O vendedor da loja pode se expor ao contágio de uma doença sem tratamento, o dono da loja não. Entende? Os operários da fábrica estão lá expostos e os donos estão na fazenda, curtindo um isolamento rural, bem tranquilos. A economia…

Por que a vida do pobre, do trabalhador, da trabalhadora doméstica, do negro, da negra importa menos que a sua? Por que eles podem se sacrificar por você?

Por isso, eu fico aqui pensando que até a morte, nesses tempos distópicos, é classista, racista e sexista. Igualzinho ao presidente do Brasil. Igualzinho a você que votou nele.


quarta-feira, 13 de maio de 2020

Sobre a importância do salão de beleza

Eu sempre rejeitei o ambiente de salão de beleza. É lugar de exercer a tentativa de atingir um padrão de beleza impossível pra maioria das mulheres. Particularmente, todas as minhas sessões em salões de beleza foram sessões de tortura e dor: física e emocional. Exagero? Sim, mas é por trauma. Seja cacheada e vá ao salão pra vc ver. Me oferecem todo o tipo de alisamento que existe e todos fazem mal a saúde. Puxam meu cabelo, já passaram pente fino no meu cabelo! Procurando piolho, será?
Eu aprendi a cuidar do meu cabelo em casa vendo vídeos de outras mulheres, também cacheadas, que desistiram de ser maltratadas em salões.
Mas, no geral, quem acha que pra ficar bonita é preciso ir no salão e que isso é serviço essencial para humanidade tá precisando é ler mais. Tá precisando aumentar a autoestima e a sua vida interior precisa de ser repaginada. Beleza é mais que cabelo liso, unha feita e maquiagem, minha gente! Aparência é legal, ok! Mas se não for um ser humano preocupado com os outros, você é feio. E aí não há sessão de tortura no salão de beleza que resolva a sua feiúra.

Minha alma à beira do fim do mundo

Minha alma à beira do fim do mundo
Olha pro azul
Imersa no azul
Inspira, expira
Minha alma expande em direção ao azul
Do fim do mundo
Se desprende do mundo
Inspira, expira
E solta as asas abertas sobre o precipício
Princípio do fim
Enfim no fim
Inspira, expira
E acorda
Dia novo de céu azul
O sol nos consome
Inspira, expira
Fim.