sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

monstros



Veja bem, não há mais flores no mundo. Todas elas desapareceram para dar lugar a monstros. Sim, são monstros criados em laboratório estas rosas que você vê nas lojas. Sim, são lindas estas rosas, mas nem todos os monstros necessariamente são feios e maus. São monstros porque são criações humanas.
As coisas criadas pela natureza não são monstros, são acidentes. Longos e longos anos de acidentes provocados por acasos genéticos criaram o ser humano que somos. Nós, o maior perigo já criado pelas forças da natureza, somos os criadores de monstros.
Voltemos as rosas. As rosas da natureza eram pequenas e sem graça. poucas cores e um cheiro delicado, perfume para nossos narizes sensíveis e pesquisadores. Olhamos as rosas e as amamos. Rosas são especiais, pensamos.
Rosas servem para oferecer alegria aos nossos olhos e narizes, rosas para oferecer de presente às mulheres que amamos e que parecem com essas rosas: belas e cheirosas, delicadas e traiçoeiras (rosas e mulheres têm espinhos). E rosas viraram nossa obsessão. Rosas vermelhas para os apaixonados, rosas cor-de-rosa para os amorosos, rosas amarelas para os amigos, rosas brancas para pedir perdão, rosas azuis... azuis? Para que servem rosas azuis?
Rosas azuis para provar que somos poderosos. Podemos criar todo o tipo de monstro. Até os lindos. Até os perfeitos. Nós, seres humanos, as divindades do mundo, domamos a natureza e criamos a vida. Somos os nossos deuses e nos colocamos no nosso próprio altar cercado das nossas próprias criações monstruosas: as rosas.

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