domingo, 29 de agosto de 2010

Aceitar

Aceitar sem resistir a onda que vem e te leva. Acompanhar a correnteza e seguir sempre em frente. Mesmo sem saber o que te espera. As situações que a vida te propõe são estas. Poucas são as escolhas e todas são certas. Embarca nesta viagem e vá para onde o vento quiser te arrastar. Não há muito o que pensar. Não há nada o que falar. Segue.
Aceitar que tudo muda sem parar e que não há lugar para se segurar dentro deste redemoinho chamado vida. Clamar e reclamar não adianta. Correr pelos caminhos e aproveitar os momentos: todos são bons e a experiência prova isto. Espera e verás que os caminhos tortuosos e cheios de obstáculos do passado são apenas o treino. As coisas piores ainda virão. Segue.
Aceitar é seguir, ir sempre em frente, pois não há como retornar. Lembrar que todos somos sós do momento em que nascemos até o momento em que morremos. Desapegue e segue.

sábado, 28 de agosto de 2010

Sem título

A essência do som é o grito
A essência da luz é o sol

E a essência do ser?

É o vazio
É tudo o que não faz sentido
É a vida, é a vida

[um grito se expande como um raio de sol]

É a morte, é a morte

domingo, 22 de agosto de 2010

O que aprendemos com a dor*

Aprendemos com a dor a ser o que somos. Enquanto nada nos aflige voamos com nossos sonhos, transformando tudo aquilo a nossa volta em nós mesmos. Quando vem a dor e a dor nos impede o movimento, nos impede o sonho, e nos joga num quarto escuro e fechado, entendemos que somos nada. Nada somos para o mundo que nos consome por dentro. Criamos fábulas para o nada. A dor nos ensina o que realmente somos: nada.

*escrito depois de um dia dolorido.

sábado, 21 de agosto de 2010

Por que eu não como carne?

Porque só de pensar em comer animais mortos me revira o estômago.
Animais que têm sentimentos (amam como a gente, sentem medo como a gente e dor, eles sentem dor como a gente!).
Não dá para parar de pensar que esses animais foram mortos de maneira brutal, na maioria das vezes, se é que existe uma maneira de matar, assassinar suavemente (alguns frigoríficos dizem que há, mas pode ser mentira, afinal eles estão lidando com animais indefesos e que não têm voz para reclamar).
Depois de mortos, os animais são esquartejados, embalados e mandados para o supermercado, lá não parecem mais animais, não lembram mais o que foram, mas como comer aquilo sem pensar no que foram antes?
Seres vivos, tão parecidos comigo, que também amo, tenho medo e sinto dor, como se faz para não ter compaixão?
Minha resposta para as pessoas que me perguntam o porquê dessa opção tão "radical" é esta: como vocês fazem para comer carne sem sentir dó do bichinho que esse filé foi antes de virar alimento?
Além disso, descobri que uma alimentação sem carne é tão ou mais saudável que um alimentação com carne, além de ser tão ou mais saborosa.
Para quê então me alimentar da morte e da violência contra outro ser vivente e que tem o mesmo direito que eu a vida? Só porque a indústria da carne é extremamente lucrativa para seus donos?
Não preciso disso. E tenho dito.

domingo, 15 de agosto de 2010

A lógica da beleza

A beleza está naquilo que eu penso que é belo.
Não, a beleza não está no belo.
O belo e a beleza são conceitos.
Conceitos são pensamentos.
A beleza então está no pensar.
Tudo o que eu penso que é belo,
é belo porque assim me diz o meu pensar.
Meu pensamento que nem é meu é nosso
é que decide a beleza do belo.

sábado, 7 de agosto de 2010

Eu

Meus cabelos são anzóis e estão prendendo as estrelas na noite do meu eu.
Meus cabelos são extensos como a luz que se desprende do céu em dias ensolarados.
Meus cabelos têm as cores dessa mata verde que se acusa de engolir os mortos que são assassinados.
Os olhos se me despregam das faces é porque procuram por aquilo que não vêem e se me voejam em volta como moscas é porque não sabem onde está aquilo que buscam.
As minhas mãos tão largas cheias dessas lágrimas que não são minhas, amargam e se contorcem desesperadas.
As minhas mãos terminam em dedos finos que soam como cordas de viola no sertão que sou eu.
As minhas mãos que esfriam no verão e aquecem no inverno e esperam sedutoras pelo toque de veludo dos pelos alheios que são meus.
E esta barriga que é o centro do todo confuso do universo meu, se abre como uma boca dentada para o nada, para o nada;
Esse nada das minhas entranhas ávidas que sou eu, que sou eu.
E está aqui a rosa que se esconde entre as minhas pernas e que nada faz que não existir e desaparecer de tempos em tempos para depois girar com um peão nas mãos que depois a largam para brincar com outros games. A rosa só e tonta sem o ar...
E as minhas pernas que se alargam pelo ar, longas pernas que terminam em pontas de caminhos que não se percorrem, os caminhos que se servem e se abrem aos pés que são pequenas ideias de cor.
Esverdeia-se minha pele, e alteiam-se meus seios que são como montanhas loucas e de pelos louros que são como santos no altar da igreja de minha Mãe.
A igreja que sou eu.

domingo, 1 de agosto de 2010

Pensamento do dia

Para sempre é muito tempo.
Nunca também é.

Hoje nunca é tempo de para sempre. Presente.