sábado, 7 de agosto de 2010

Eu

Meus cabelos são anzóis e estão prendendo as estrelas na noite do meu eu.
Meus cabelos são extensos como a luz que se desprende do céu em dias ensolarados.
Meus cabelos têm as cores dessa mata verde que se acusa de engolir os mortos que são assassinados.
Os olhos se me despregam das faces é porque procuram por aquilo que não vêem e se me voejam em volta como moscas é porque não sabem onde está aquilo que buscam.
As minhas mãos tão largas cheias dessas lágrimas que não são minhas, amargam e se contorcem desesperadas.
As minhas mãos terminam em dedos finos que soam como cordas de viola no sertão que sou eu.
As minhas mãos que esfriam no verão e aquecem no inverno e esperam sedutoras pelo toque de veludo dos pelos alheios que são meus.
E esta barriga que é o centro do todo confuso do universo meu, se abre como uma boca dentada para o nada, para o nada;
Esse nada das minhas entranhas ávidas que sou eu, que sou eu.
E está aqui a rosa que se esconde entre as minhas pernas e que nada faz que não existir e desaparecer de tempos em tempos para depois girar com um peão nas mãos que depois a largam para brincar com outros games. A rosa só e tonta sem o ar...
E as minhas pernas que se alargam pelo ar, longas pernas que terminam em pontas de caminhos que não se percorrem, os caminhos que se servem e se abrem aos pés que são pequenas ideias de cor.
Esverdeia-se minha pele, e alteiam-se meus seios que são como montanhas loucas e de pelos louros que são como santos no altar da igreja de minha Mãe.
A igreja que sou eu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário