O nome da minha cachorra é Corona. Não fui quem escolheu esse nome. Quando ela chegou para mim em abril do ano passado, com 10 meses de idade, só atendia por Corona. E olha que eu tentei mudar o nome dela, tentei chamá-la de Fiona, mas a bichinha não conseguia entender o novo nome. Aí não insisti na mudança. Nem imaginava naquela época que Corona era um tipo de vírus.
Corona é super bem comportada, obediente e medrosa. Apesar da aparência de má, é uma boxer custosa e amorosa. Tem um bocão gigantesco e a língua dela não serve para lambidas. Quando ela resolve lamber, parece mais que ela está dando banho na gente.
Eu amo o latido dela. Ela tem aquele tipo de latido imponente que os cachorros grandes têm, daqueles com tons guturais, que fazem a gente pensar em braveza. E ela late muito. Late de curiosidade. Late quando vê coisas diferentes. Late quando está com medo. E quando ela está com medo, até eu fico com medo dela.
Corona esbugalha os olhos, ergue o pescoço, estica o corpo para parecer maior. Os músculos e veias saltam. A boca espuma e ela salta. Latindo alto e grosso, assustadora. O medo dela dá medo nos outros.
E agora pensando no medo, digo: estamos todos com medo de Corona... E não é da minha cachorra.
Perto do vírus, os olhos esbugalhados e o latido gutural da minha filhota mete muito menos de medo.
Eita nóis! Eita vida louca que Deus nos deu!
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