quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Eu protesto contra a Morte no dia de finados
Eu protesto contra a Morte no dia de finados
Destroem os nossos direitos
Nos arrancam a nossa democracia
(fragilzinha, pobrezinha, desmanchou-se com facilidade)
Nos enganaram dizendo que a educação ia funcionar agora
Mas deformaram o ensino médio com uma canetada
Tiraram de nós a arte, a arte, arte de pensar
Esvaziaram dos nossos corpos, o cérebro
Nos chamam de doutrinados
Querem que sejamos “sem partido”
Porque tomar partido é crime
Porque tomar partido é ser pensante
E pensar é crime também
Destroem os nossos direitos
Nos incriminam, cortam os nossos salários, nos ameaçam de demissão...
Vamos ser demitidos
Vamos ser pisoteados
Vamos ser machucados por dentro e por fora
Humilhados
Manchados
Maltrados
Seguiremos
Cantaremos nosso réquiem
Em frente, marcharemos para a morte
Eu protesto contra a nossa Morte no dia de finados
Morte do nosso mundo
Nossos sonhos sólidos se desmancham no ar
Teimamos
Nos transformamos
Nos recriamos
Das cinzas, surgirmos
Fênix mágica
Ave mitológica
Somos nós
Nós que não aceitamos o enterro
Que dos túmulos saltamos
Prontos para refazer o que sempre fizemos
Os sonhos
Levantamos das nossas tumbas
Pois nossa Morte se reveste de dor de interrompimento
Nossa morte resvala na ponta do sonho
E o sonho que nos puxa de volta
Nos busca no ventre da terra
Pisoteados que estávamos
Feridos que estávamos
Voltamos
Saímos de dentro do ventre da terra
Sujos do sangue da terra
Da terra refeitos
Os sonhos
Corremos de volta à luta
Os criminosos rechaçados
Os imundos seres pensantes
Os pedintes das ruas
Os reivindicantes
Os que exigem
Os direitos diretos
Os retos
Os tortos
Ainda que andasse pelo vale da sombra da morte
Nada temerei
Porque eu morro
Porque eu desmorro
Raivosamente lutando
De luto
Enlutado
Enlutando
Pelo que sonho
Eu protesto contra a Morte no dia de finados
(eu, Fabiana Lula, poetando no dia de finados, 02/11/16)

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