quinta-feira, 1 de outubro de 2009

O oco

É sempre esse oco que me consome.

Muitas vezes ele é físico. E eu consigo senti-lo entre os meus dedos. Fundo que não tem fim. Sem nenhum tipo de carne em volta, só pele que não se rasga. Meu buraco no meio das costelas que se abrem em oco.

Outras vezes ele não é físico. Eu não consigo senti-lo com os dedos, mas sim com o sentimento. Surge um profundo oco à minha frente. Um verdadeiro abismo que não se vê com os olhos, mas, igualmente, amedronta e dá vertigem. E esse abismo me provoca tanto que dá vontade de procurar um outro abismo. Abismo de verdade. Daqueles que não se enxerga o fundo. Mas todo mundo sabe que existe fundo. Basta querer experimentá-lo. Então, essa vontade enorme vem de experimentar o abismo real para sentir se lá há fundo.

É vontade de voar também, mas é principalmente vontade de cair. Pois é na queda que se tem o verdadeiro encanto. Sabe-se que a queda pode ser fatal, mas quem se importa com isso? O que eu quero é cair.

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