Meu amor tem se revelado aos poucos. Ele aparece aqui e ali como um lampejo de um raio. Eu fico com receio de mostrá-lo por inteiro, porque meu amor é grande, monstruosamente grande e selvagem.
Muitas vezes, eu faço o possível para disfarçá-lo. Fazer ele parecer outra coisa. Chamo meu amor por outros apelidos. Digo que é amizade, admiração, ou, quando ele está incontrolável, loucura.
Quase nunca o deixo solto. Meu amor vive preso dentro de mim, embora seja uma prisão difícil. Tento controlá-lo, para que ele não fique por aí incomodando as visitas. Mas ele, mesmo escondido, faz barulho. Perturba.
Quero que ele se comporte civilizadamente. Ou seja, quero-o adestrado e dócil, antes que ele surja na frente dos outros. Quero que ele seja bem adequado, educado e sereno, para que não espante ninguém.
Meu amor não vai pular nas pessoas e sujá-las com a sua imundice de cria da rua. Meu amor não surgirá aos berros, para atrapalhar os que nada têm com isso. Meu amor será sempre belo, gentil e bem aceito.
Meu amor será fera domada.
Como seria bom se fosse fácil assim. Também tinha a mesma pretensão das últimas quatro frases. No entanto, os sentimentos nos dominam, em especial a paixão. É como bem diz Eça de Queiroz, por meio da personagem Carlos Eduardo da Maia: "O amor destrói, enfraquece e enlouquece".
ResponderExcluirInfelizmente tenho de reconhecer minha incapacidade de controlar minhas paixões e por isto corro das circunstâncias em que elas tomariam conta de mim.
Adoro profundidade, ainda que vazia. Belo texto.
Abraços!