sexta-feira, 23 de julho de 2010

Noite longa, dia escuro

A noite é longa. Comprida como o quê... Quando se está cercada de monstros invisíveis, meninas mortas te olhando de dentro do caixão. Morri por sua causa, elas contam, porque você não tomou conta de mim quando eu mais precisava. E os meninos? Desaparecem na escuridão do quarto. Você procura por eles como louca e escuta apenas os sorrisos e os motejos. Nunca mais vou voltar, eles dizem, você não tomou conta de mim quando eu mais precisava.
Ai, noite longa e cheia de choro e gemido. Às vezes a gente acorda e percebe que era só um pesadelo, outras tantas a gente acorda e o pesadelo parece tão real que continua. Onde estão os meninos e as meninas? você se pergunta e procura e descobre que eles e elas não existem. O que é pior? O sonho ou a realidade?
Quem disse que eles são diferentes? O sonho é tão real para o cérebro quanto a realidade é ilusão. Vivemos em noites longas ou as noites longas dão lugar a dias escuros infinitos?
O amor muitas vezes parece com o ódio e a gente se confunde e acha que odeia quem a gente ama. Por que não conseguimos admitir que amamos e que nos preocupamos? Por que fingimos indiferença e raiva? O amor tornaria tudo mais fácil se conseguíssemos enxergá-lo. 
É só amor, não é raiva. É só preocupação, não é indiferença. Mas essa noite longa e esse dia escuro? Fomos nós que os inventamos? Por que choro se na verdade amo?

Um comentário:

  1. dentro de nós tantas faces... ando também que é puro questionamento - sobre tudo. que belo texto, fabiana. beijo.

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